ESPIRITUALIDADE | 24/06/2023
O Sagrado Feminino
Redescobrindo a Essência da Energia Feminina

O Sagrado Feminino é um conceito milenar, porém tão relevante e necessário em nossa sociedade contemporânea quanto era em eras passadas. Ele engloba a compreensão e o respeito à energia feminina, também conhecida como a energia Yin. Esta energia se manifesta em características universalmente identificadas como femininas - a intuição, a empatia, a criatividade, a beleza, a compaixão, a receptividade, o acolhimento, a nutrição, a aceitação, a união e o amor. Ela é, no seu cerne, a encarnação da natureza cíclica da vida, profundamente enraizada no inconsciente, na criação, e ligada intimamente à lua, à terra e ao mar.

Dentro do Sagrado Feminino, as mulheres são vistas como portadoras de uma sabedoria única e poderosa. É uma filosofia que exalta a força feminina e propõe um caminho para a cura, equilíbrio e conexão com a natureza. Cada mulher é singular em sua essência, carregando dentro de si uma centelha sagrada, um reflexo do fogo divino da Deusa.

Deusa - A Grande Mãe Cósmica

O conceito da Deusa transcende o tangível, constituindo-se como uma força onipresente e permanente que permeia a totalidade do universo. Este símbolo do Divino Feminino inspira as mulheres a redescobrir a sacralidade em si mesmas e a interdependência com os ciclos da natureza. Ela é celeste, fonte de todas as vidas e presente em todo ato de criação.

Em sua expressão mais pura, a espiritualidade feminina se revela como um caminho para a expansão da consciência. Ela convida as mulheres a reafirmarem os valores sagrados da Terra e da natureza, cultivando um profundo respeito pela vida, pela irmandade e pela solidariedade. Nos corpos das mulheres são guardados e revelados os grandes mistérios do ciclo da vida, da morte e do renascimento. Valorizar a mulher e a energia feminina implica em uma transformação social, na qual os valores de parceria, igualdade e colaboração são priorizados em detrimento de uma competitividade desenfreada. Somos todos filhos e filhas de uma mesma mãe, entrelaçadas em uma grande teia cósmica, onde cada uma de nós representa uma peça essencial para o equilíbrio do planeta.

De acordo com as descobertas arqueológicas de James Mellaart, nas sociedades antigas da Europa e do Oriente Médio, as mulheres exerciam papéis importantes, especialmente na religião. Nestes locais, não foram encontradas evidências de guerras, sugerindo que estas sociedades eram pacíficas, igualitárias e centradas na reverência à vida, à beleza, à arte e ao amor. No entanto, os princípios femininos e masculinos foram distorcidos ao longo do tempo pelo patriarcado, causando uma profunda desconexão.

O Sagrado Feminino é mais do que apenas uma ideia ou um conceito... é a própria força vital dentro de nós, impulsionando-nos a ir além dos nossos limites percebidos e a expressar a nossa verdade mais autêntica. Anodea Judith

Muitas mulheres se desvincularam da essência sagrada da feminilidade. Esqueceram-se da sacralidade que habita seu ser, da profunda conexão com o próprio corpo, e dos prazeres que esse conhecimento íntimo traz consigo. Seus dons inatos e a potência criativa foram oprimidos, provocando um desalinhamento com o chacra sexual e o plexo solar, centros vitais de poder e vitalidade. Nesse processo, o divino que habita em cada mulher foi esquecido. A força interior, o amor inerente à sua natureza e a essência de sua alma feminina foram ofuscados, ocultos em camadas de inconsciência. No entanto, esse esquecimento não significa a perda definitiva dessas preciosidades, mas um convite à reconexão.

Para redescobrir essa essência sagrada, é necessária uma desconstrução de tudo o que nos foi imposto. Precisamos nos conectar novamente com nossos dons reprimidos, com nosso poder criador, com nosso corpo e com o amor que nos constitui. Requer um mergulho profundo nas profundezas de nosso ser, um olhar atento e gentil sobre quem realmente somos.

E assim, na jornada de redescoberta, que possamos honrar o ventre que nos gerou, o ventre em que vivemos e o ventre que reside em nós. Que possamos reverenciar a fonte de vida, a casa de todas as criações e a morada dos ciclos eternos. A essência feminina, afinal, é o sagrado em si mesmo, o divino que flui em cada respiração, cada batida do coração e cada pensamento e sentimento que experienciamos. Que possamos reconhecer e celebrar a beleza e o poder desse sagrado em nós.

Marina Cunha
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